Música e Vinho

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Vinho do Porto
Carlos Paião, 1983




Primeiro a serra semeada terra a terra
Nas vertentes da promessa, nas vertentes da promessa
Depois o verde que se ganha ou que se perde
Quando a chuva cai depressa, quando a chuva cai depressa

E nasce o fruto quantas vezes diminuto
Como as uvas da alegria, como as uvas da alegria
E na vindima vão as cestas até cima
Com o pão de cada dia, com o pão de cada dia

Suor do rosto pra pisar e ver o mosto
Nos lagares do bom caminho, nos lagares do bom caminho
Assim cuidado faz-se o sonho e fermentado
Generoso como o vinho, generoso como o vinho

E pelo rio vai dourado o nosso brio
Nos rabelos duma vida, nos rabelos duma vida
E para o mundo vão garrafas cá do fundo
De uma gente envaidecida, de uma gente envaidecida

REFRÃO
Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o nosso mar

REFRÃO
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar

Por isso há festa não há gente como esta
Quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão
Vem a fanfarra e os míudos, a algazarra
Vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão

E são atletas, corredores de bicicletas
E palavras indiscretas na boca de algum rapaz
E as barracas mais os cortes nas casacas
Os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz

Vinho do Porto vou servi-lo neste cálice
Alicerce da amizade em Portugal
É o conforto de um amor tomado aos tragos
Que trazemos por vontade em Portugal

Se nós quisermos entornar a pequenez
Se nós soubermos ser amigos desta vez
Não há champanhe que nos ganhe
Nem ninguém que nos apanhe
Porque o vinho é português

REFRÃO

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